Apesar de ter tido acesso aos escritos, já bem conhecidos, da autora que tanto vem atraído leitores jovens e adolescentes, Stephenie Meyer, creio que não seria de difícil competência um leigo em Twilight escrever sobre, já fazendo as palavras deYuri Ikeda as minhas, um livro bastante previsível.
Em resumo, a famigerada escritora cria laços de relacionamentos afetivos entre Bella e Edward, um vampiro que foge dos preceitos morais entre os de sua espécie, e, movido por um sentimento maior, se sente na responsabilidade de proteger Bella. Nesse contexto a trama é desenrolada com uma afasia literária bastante chavão, onde se transforma em um romance que em diversos aspectos deveria ser banalizado pelo descaso entre obra-leitor. Ah, se lêssemos mais romances!
O motivo deste não é citar os pontos fracos da obra, caminhar à falta de conteúdo fecundo, ao movimento textual piegas, à presença de personagens artificiais ou à má escrita. Sendo que poderia parafrasear em alguns tópicos como à qualidade do texto analisado por um leitor de romances competente, como o Stephen King que disse, por mim e por outros leitores (talvez acrescentando ou isolando alguns comentários), o que realmente causa a obra da Meyer sobre um público leigo, especialmente feminino. Ah, se lêssemos mais romances!
Agora, em palavras individualistas, noto que quando jovens começavam a se inteirar em literaturas simplistas, corriam para Rowling, Lewis, Saint-Exupéry e alguns até mais submergidos como Tolkien e Burnett. A partir de certas literaturas, como as citadas, nascia o gosto de inteira-se em mundos fantasiosos, romancistas, dramáticos e até, após um considerável aumento de capacidade, políticos, religiosos e filosóficos. As revistas de adolescentes eram deixadas de lado; as atitudes frente à mídia áudio-visual, como o cinema, eram restringidas a gostos que invocavam uma conduta mais examinada e uma análise mais crítica; os valores, éticos, morais e sociais eram substituídos pelos exigidos de um caráter mais reflexivo; as crianças aprendiam a separar literatura de lixo redigido e os jovens a dominar as palavras com cautela... Enfim, os livros surtiam o efeito esperado. Meyer não só revolucionou esses resultados pós-leitura, transformando em contos quase ilustrados, como orgulha-se disso em certos comentários públicos onde afirma que sua literatura, absurdamente porca e extremamente dissimulada, abriga um casal superior aos criados por Jane Austen, William Shakespeare e pelo cineasta Kevin Sullivan. Ah, se lêssemos mais romances!
Ainda não podemos, em nossa própria voz, contrariar o público de Meyer, que ao meu ver são tantos, pelo fato de estarmos em um país desvalorizado quanto à literatura, e principalmente ao meio jovem; porém creio piamente que surgirão escritores com potencial de trazer aos jovens e adolescentes uma qualidade em romances de modo que se interessem mais tarde por escritores como William Shakespeare e Jane Austen. Ah, se lêssemos mais romances!
