segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O lado mais fraco do evangelho.

Nas andanças de um cristão podem-se encontrar fundamentos e bases para qualquer alicerce emocional, construtivo e edificante. Talvez viver como um espectador não seja tão realizador assim, se é um pouco afinal.

Ser visado hoje no hemisfério eclesiástico se tornou chave para alcançar a santidade e a identidade cristã sólida. Um membro protocolizado e litúrgico que em todos os cultos se senta no banco reservado e “bate palmas na igreja porque a Bíblia diz: ‘Batam palmas todos os povos’” tal pessoa é entronizada como referencia influenciadora, mesmo sabendo que as únicas pessoas que podem julgá-la são os que convivem com ele 24 horas.

Talvez os púlpitos saltem por si só como propagandas de marketing e comércio secularizado.

- Não quero me envolver nisso! – Diz o poeta, mas é cego quando aceita o mal vindo da boca do seu referencial e julga quando vem da boca da ovelha. Certo dia, usei de um palavreado rotulado de “torpe”, mas no mesmo culto onde estava, o Pastor, que por sinal bastante “famoso”, usará de maneira idêntica, não foi alvo de indignações como eu. Na verdade foi aplaudido pela maioria como discipulador da verdade sem censura.

Uma coisa que aprendi com o universo pessimista de Ricardo Gondim, com a ousadia deísta espiritual de Philip Yancey, com a ética promissora de Augusto Cury, com a alegria em unir pensamentos de Clive Staples Lewis, foi que existe uma indagação maior do que os "por ques" misteriosos de Deus; na verdade existe uma dúvida em meu coração em saber o "por que" não abrimos nossos olhos para enxergar respostas óbvias.

Seria uma insensatez medíocre de minha parte dar exemplos de erros cometidos por líderes, referenciais, pastores, visando a queda de sua autoridade. Não escrevo meus textos para assumir a responsabilidade de porta-voz de um povo incomodado com a hipocrisia nos altares. Altares esses que, como disse uma vez o Pregador Jehan Porto, se parecem mais com a torre erguida pelos homens de Babel. Não faço poemas, escrevo cartas, publico livros no intuito único e somente de acusar, julgar, promover dissensão e contenda entre aqueles que alimentam os necessitados. Mas o que digo é que a igreja se tornara exatamente isso.

Estamos preparados para evangelizar, para dizer que Jesus ama a todos e que haverá bênçãos e mais bênçãos de acordo com as frases que decoramos através do artista que prega no púlpito, mas ao oposto do que Paulo afirma, "Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo", não estamos preparados para dizer a clareza do que pensamos, com o medo de sermos qualificados como "desviados" e "hereges". Culpo à prisão institucional Igreja, que mostra o pensamento livre, algo pecaminoso.

Mas apesar de tudo tenho aprendido a conviver com esse lado mais fraco do evangelho. Como disse, não sinto prazer em difamar homens, cidadãos e irmãos em cristo; pois talvez não tenha cacife para tanto.

Espero sinceramente que minha visão, mesmo não entendida, não seja rotulada de modo algum, pois odeio rótulos. Tentei com esse texto apenas mostrar que não levantarei a mão e concordarei, se nos reality show gospel que se realiza todo domingo nos templos e lonas de um povo próspero, ouvir frases como "uma salva de palmas para Jesus" ou "não digo que todos vão ficar ricos, mas deus vai abençoar cada um de seu modo".

Sou jovem e desejaria, de coração aberto, não precisar escrever o que venho pensando nesses dias tão tristes.

2 comentários:

  1. Há vozes que soam como brisa e não incomodam: apenas passam! Há vozes que ribombam como o trovão e como desconcertam! Assim, como essa segunda metáfora, é o texto-denúncia "O lado mais fraco do evangelho". Palavras ditas com emoção, em tom de denúncia e fundamentadas na razão mais lúcida e cristalina geram oposição ferrenha dos hipócritas que têm suas máscaras arrancadas pelo Verbo. Deus fortaleça o equilíbrio emocional desse jovem poeta-profeta para que não se vergue às pressões inclementes dos sem-misericórdia. Que, tal como Jeremias, apesar de uma criança, seja levantado com destemor.

    ResponderExcluir
  2. Amigo Lucas,

    É um privilégio participar das suas conclusões cristãs recheadas de filosofia. Não pretendo analisar seus escritos sob as lentes do pai-coruja, mas com o microscópico do colega-investigador.

    Sabe-se, entretanto, que alguém que tem por vocação expor as vísceras de uma instituição - de qualquer uma - é um nati-morto. É uma atividade inglória tentar mudar cultura e, principalmente, a pior de todas, a religiosa! Em nome de Deus, com a capa da falsa piedade, se mata, se calunia, se odeia. E nada afeta a consciência, pois esta é amainada com o raciocínio de ser essa a "vontade de Deus". Portanto, cuidado!
    Examine-se a si mesmo e coma deste pão e beba desse cálice. Saiba que é "o pão que o diabo amassou" e o cálice é amargo! Mas não se acovarde. Reconheça, antes, qual é o seu objetivo com todo esse bom criticismo. Você está tentando ajudar? Então, tenha paciência. Os propósitos são bons, mas serão alvo de incompreensões de mentes tacanhas e visões estreitas. Prepare-se para as acusações! Ninguém gosta de ser desvelado. E seu texto-denúncia faz isso com a gente: ele nos desnuda completamente! Ele expõe a nossa nudez! Portanto, sob ataque, não se intimide, nem se acanhe, tampouco fique amargo. Siga serenemente seu caminho, com meu apoio e minha bênção. Afinal, não foi você que escolheu o Caminho, foi o Caminho que escolheu você!
    Por outro lado, se seu objetivo for angariar aplausos, admiração e elogios; então, você está no caminho errado. Sua palavra não é comercialmente palatável. Ela tem gosto de purgante! Não é errado querer ser popular. Mas você tem que discernir exatamente o que você quer. De qualquer maneira, o que você escolher - ser profeta, ou ser popular - eu sou contigo. Em toda e qualquer circunstância você me dá orgulho e fico do seu lado.
    Continue escrevendo, mas sonde suas verdadeiras motivações.

    Seu Amigo.

    ResponderExcluir